EUA 'sacodem' mercado de frango

Valor Econômico

O retorno "mais rápido do que o esperado" dos Estados Unidos ao mercado global de carne de frango está sacudindo o comércio internacional e pressionando os preços da proteína exportada pelo Brasil, aponta relatório divulgado ontem pelo banco holandês Rabobank.

Entre 2014 e 2015, os EUA sofrerem uma série de embargos devido ao surto de gripe aviária que atingiu o país, o que acabou abrindo espaço para que o Brasil, líder nas exportações globais de carne de frango, elevasse sua participação de mercado.

Neste ano, porém, os EUA registraram apenas um caso do vírus da gripe aviária, em janeiro. Com isso, os americanos conseguiram retomar as exportações a mercados que haviam embargado o país. Assim, "tem havido uma competição especialmente intensa", notou o banco holandês, no relatório.

Em reação à volta dos EUA, os exportadores brasileiros deflagraram uma estratégia agressiva, reduzindo preços para manter mercados. De acordo com dados compilados pelo Rabobank, o preço do peito de frango exportado pelo Brasil para a União Europeia caiu 6% na comparação entre a prévia do segundo trimestre e o primeiro trimestre deste ano. No caso da carne de frango processada, a queda foi superior a 20%.

EUA

Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) para as exportações brasileiras de carne de frango in natura também apontam queda dos preço (ver gráfico acima). Enquanto a receita obtida pelos exportadores recuou 0,9% no primeiro quadrimestre na comparação com igual intervalo de 2015, o volume exportado pelo Brasil cresceu 16,6%.

Na avaliação do Rabobank, a competição no mercado de carne de frango deve continuar acirrada ao longo de 2016, uma vez que os EUA tendem a ficar ainda mais ativos no mercado internacional.

Se são afetados pela competição com os americanos, os exportadores brasileiros poderão se beneficiar da menor oferta de frango na Ásia. Em decorrência do surto de gripe aviária nos EUA, países como China, Hong Kong e Tailândia proibiram as compras de material genético, o que se traduzirá em uma menor produção de frango no segundo semestre.

Para o Rabobank, o Brasil pode explorar esse espaço, ampliando as vendas para a China, principalmente. Em fevereiro, os chineses habilitaram mais oito frigoríficos brasileiros de carne de frango para exportação.

Enquanto lida com a concorrência, a indústria brasileira também precisa recompor a rentabilidade que foi corroída pela alta dos preços do milho. Em 2016, o preço do milho subiu mais de 50%, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa. De acordo com o Rabobank, a indústria terá de repassar a alta do cereal ao preço final dos produtos e, possivelmente, reduzir a oferta de frango.



Data da Notícia: 31/05/2016
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