Valor Econômico
Enquanto o Brasil aguarda que o governo da Índia suspenda a barreira que impede a entrada de carne de frango brasileiro em seu mercado, os EUA ameaçam impor retaliação de US$ 450 milhões contra Nova Delhi por causa de entrave ao produto.
Os EUA ganharam uma demorada disputa contra a Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os juízes da entidade determinaram que os indianos revejam a regra que proíbe a entrada de carne de frango americana por conta do risco de gripe aviária.
Ontem, contudo, a delegação dos EUA afirmou na OMC que continua preocupada com a posição da Índia sobre a doença, porque agora Nova Delhi poderá adotar uma medida "substancialmente mais restritiva ao comércio" do que recomendam os padrões internacionais.
Washington já pediu à OMC autorização para retaliar a Índia em US$ 450 milhões por ano enquanto seu produto continuar sem poder entrar no mercado indiano. A sanção pode vir na forma de aumento de tarifas sobre determinados produtos indianos exportados para os EUA.
A Índia insistiu que o pacote de medidas que revisou está em conformidade com a decisão da OMC, já que admite a entrada de carne de frango americana, desde que de áreas livres da gripe aviária.
Em visita recente à India, o presidente Michel Temer obteve do primeiro-ministro Narendra Modi o compromisso de que Nova Delhi vai rever as barreiras à entrada das carnes de frango e suína do Brasil.
A delegação brasileira disse a Modi que o mundo vive de comércio, e que este é feito pela política. Como a Índia quer o Brasil como parceiro estratégico, precisa retirar barreiras sanitárias e fitossanitários que barram a entrada de produtos brasileiros.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, foi incisivo: "Não existe problema fitossanitário. O que existe é a politica indiana de não querer importar ou dar preferência ao produto de outro país". Para Blairo, "a Índia é muito protecionista" e causa prejuízo aos exportadores brasileiros.