Especialistas defendem exportações para que Brasil cresça como vizinhos

DCI

O Brasil, se quiser acompanhar o ritmo de crescimento de parte da América do Sul, precisará ampliar e diversificar a participação no comércio exterior. Enquanto o País teve retração em 2015, Chile, Peru e Colômbia conseguiram ter mais um ano de expansão.O grande trunfo das nações sul-americanas que cresceram no ano passado está na maior importância dada às exportações, aponta Mônica Hinojosa, consultora da Barral M Jorge. No caso do Brasil, políticas protecionistas além da conta tem sido prejudiciais para o comércio exterior; é necessário reduzir essas barreiras .

Segundo os últimos dados do Banco Mundial, a exportação de bens e serviços representa 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A situação é bastante diferente em outros países sul-americanos: Chile (33,8%), Colômbia (16%), Peru (22,4%) e Bolívia (43,3%) dão maior importância às negociações com o exterior.

Hinojosa ressalta também que não basta ampliar as vendas, é necessário diversificar a pauta de exportação . Segundo ela, Chile, Peru e Colômbia trabalham com um leque maior de produtos, o que facilita o enfrentamento de crises que diminuam, por exemplo, o preço global de commodities como o minério de ferro ou a soja.

Francisco Américo Cassano, professor de relações internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, também defende a diversificação. As nossas exportações estão crescendo em volume no que se refere ao setor primário, mas o real problema está nas exportações de manufaturados, que têm menor espaço no País e poderiam diferenciar a economia brasileira.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que Chile, Peru e Colômbia vão registrar crescimentos do PIB para 2015 de 2,3%, 2,4% e 2,5%, respectivamente, enquanto que o Brasil deve apresentar retração de 3% no mesmo período.

Já a Bolívia, que deve ter o PIB ampliado em 4,1%, tem sua expansão ajudada pelo próprio Brasil, que é grande importador de gás natural do país , explica Cassano.

Acordos

Outro motivo do sucesso de alguns dos vizinhos do Brasil está na escolha de seus parceiros comerciais. A Aliança do Pacífico, da qual fazem parte Chile, Peru, Colômbia e México - além de Estados Unidos, Canadá e outras nações como países observadores - é vista pelos entrevistados como um diferencial importante.

O acordo abriu portas interessantes para produtos que anteriormente não tinham espaço no comércio internacional. A vantagem da diminuição de barreiras com os EUA também incentivou significativamente as exportações dos países-membros , diz Cassano.

Por outro lado, o Mercosul está travado. A Argentina não cresce, Paraguai e Uruguai são muito pequenos e a Venezuela está caindo aos pedaços , compara o professor.

Os tratados de maior expressão também foram lembrados. O Brasil ficou de fora do TPP , que concentrará 40% da economia mundial. Uma aproximação com esses parceiros seria muito boa para alavancar a economia do País , afirma Hinojosa. Segundo a especialista, os signatários do bloco, como Chile e Peru, devem crescer mais nos próximos anos graças a um aumento no fluxo comercial.

Cassano critica também a dependência chinesa do Brasil. Quando eles crescem, nós crescemos juntos, já que somos grandes fornecedores de matérias-primas. Quando eles diminuem a demanda, há reflexo forte sobre o Brasil.

A tentativa de um acordo com a União Europeia, entretanto, foi elogiada. O acordo entre o bloco europeu e o Mercosul, que pode ser fechado ainda neste ano, seria muito positivo para todos os membros do Mercosul e pode ser facilitado por causa da eleição de [Mauricio] Macri na Argentina , diz Hinojosa.

Sem mudanças

Em 2016, as perspectivas para o PIB brasileiro continuam ruins. Segundo o FMI, que tem previsão mais otimista que a maioria dos analistas do País, a retração chegará a 1% em 2016. Mais uma vez, o rendimento anual só será melhor que o da Venezuela.

Por outro lado, a Bolívia deve avançar 3,5% até o final do ano, crescimento superior que o previsto para Chile (2,5%), Colômbia (2,8%) e Peru (3,3%), que devem alcançar resultados melhores que os de 2015.

São menos otimistas as contas para os membros do Mercosul: a Venezuela deve cair 6% e a Argentina, 0,7%. Resultados melhores são previstos para Uruguai (2,2%) e Paraguai (3,8%), com os paraguaios mantendo a segunda melhor estimativa para toda a América do Sul - o crescimento mais alto é esperado da Guiana, que deve crescer 4,9% em 2016.



Data da Notícia: 18/01/2016
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