G1
Imagine uma escola onde o aluno fica uma semana em aula e a semana seguinte em casa, aplicando o que aprendeu. Em Santa Catarina, o Globo Rural visitou uma escola assim, a chamada Casa Familiar Rural. Lá o ensino, voltado para a realidade do campo, é um incentivo para os alunos permanecerem no sítio ao lado dos pais. E está dando certo.Todo mundo sonha o melhor para os filhos. Mal o bebê nasce e os pais já começam a sonhar: o que Rafael vai fazer na vida? E Alexandra, o que vai ser quando crescer? E eles crescem mesmo rápido demais.
Rafael e Alexandra vivem no município de Saudades, em Santa Catarina. São colegas de classe na Casa Familiar Rural, uma escola diferente.
A primeira Casa Familiar Rural foi criada em 1937 na França. Foi ideia de algumas famílias de agricultores, que queriam para os filhos, além da educação formal, um ensino profissionalizante. Hoje o conceito existe em 30 países, inclusive no Brasil.
Em quase todos os estados podem ser encontradas escolas como essa: são 278, ao todo. Cada uma tem a formação voltada para a atividade principal da região e como esta é uma região tradicional na criação de gado de leite, o curso da Casa Familiar forma alunos como técnicos em zootecnia.
A primeira aula do dia é de história. Alexandra anota tudo, enquanto Rafael digere as informações junto com seu chimarrão.
A professora, Diane Dalla Vecchia, é filha de agricultores e teve o desafio de recontar a história com os elementos do campo.
Segunda aula do dia: dimensionamento de piquetes. A aula prática leva os jovens para fora da sala. Entre os alunos, a maioria é de filho de agricultores.
Miro Weber é uma exceção, o pai é empresário e a mãe, arquiteta. Ele quer ser veterinário e na escola rural teve que se adaptar porque era um dos poucos que não tinha noção de nada.
Terceira aula do dia: matemática. Com os números coletados na aula prática, cálculos que serão usados no dia a dia da propriedade são realizados e assim, os alunos vão tomando gosto pelos assuntos da terra. Muitos contam que já viram amigos deixando o sítio da família.
A Casa Familiar recebe alunos que já concluíram o Ensino Fundamental, eles fazem ao mesmo tempo o Ensino Médio e o curso técnico. Para o almoço, a cozinheira colhe verduras na horta plantada pelos próprios alunos.
Ao final do almoço, os alunos limpam as mesas e lavam a louça. Pelo sistema da pedagogia de alternância, os jovens passam uma semana na escola e uma semana na casa dos pais, onde aplicam os conhecimentos que adquiriram. A moradia deles é a metade do tempo e, por isso, todos têm suas tarefas.
À tarde, a turma pega a estrada: tem aula prática em uma propriedade vizinha.