Valor Econômico
Já em fase de preparação nas redes varejistas e frigoríficos do país, a ceia de Natal dos brasileiros tende a ser mais acanhada no cardápio de produtos importados, mas as carnes tradicionais que compõem o prato principal, como o peru e o
"superfrango", não devem faltar. Pelo contrário. A indústria de carnes está elevando a produção de itens voltados às festas de fim de ano, a despeito da crise econômica.
Mas isso não significa que os frigoríficos passarão incólumes pela conjuntura adversa, marcada pela elevada inflação. A tendência é que a concorrência seja mais acirrada neste fim de ano, com os consumidores privilegiando marcas mais baratas, movimento já visto no mercado de alimentos processados como um todo. Nesse sentido, a oferta de aves natalinas com marca própria - e bem mais baratas - das redes varejistas pode ganhar força no país. "Não está no meu planejamento vender menos", afirmou ao Valor o gerente nacional de aves e suínos do Grupo Pão de Açúcar, David Buarque. De acordo com o executivo, que já fechou parte das encomendas para o fim do ano, a rede varejista vai distribuir um volume cerca de 5% maior na comparação com período de festas de 2014. Para garantir esse crescimento, o Pão de Açúcar adotou como estratégia elevar a oferta do 'superfrango' com a marca própria Qualitá, produzido sob encomenda pelos frigoríficos Zanchetta, Macedo (JBS Foods) e Mauricéia. O produto é cerca de 20% mais barato do que os principais concorrentes - o Chester Perdigão, da BRF, e o Fiesta, da JBS Foods -, indicou o executivo do grupo. "Há uma crise. Então, vamos oferecer uma ave mais barata para quem quiser", disse Buarque. Com essa oferta, a rede varejista prevê que, do volume total vendido de aves natalinas, entre 18% e 20% sejam do produto com a marca própria. Em 2014, essa fatia ficou em torno de 15%. De toda forma, a aposta é de pelo menos manutenção do volume de vendas, reforçou. "O consumo das aves especiais é muito tradicional. O que pode haver é substituição entre as marcas, mas acho que não perde volume", disse.
O raciocínio também é válido para os cortes de suínos mais vendidos no período - lombo e pernil. Apesar dessa busca por preços mais baixos prevista pelo varejo, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, acredita na possibilidade de valores mais altos, uma vez que as exportações de carnes de frango e de peru estão mais aquecidas, o que pode reduzir a oferta doméstica. (Veja mais em http://bit.ly/1VAShCs)