DestaqueGestão Agrícola Ainda falta integração no agronegócio

Fecoagro

O setor agropecuário tem avançado em conquistas de espaço na mídia e, por consequência, junto à população brasileira. Nós que atuamos nesse setor em estreita relação com os veículos de comunicação, podemos assegurar que os avanços tem sido expressivos. Até mesmo os grandes veículos de massa, como a televisão, tem aberto espaço para a difusão dos assuntos do agronegócio.

É bem verdade que nas crises econômicas tem sido esse setor quem segurado a barra, e até mesmo os leigos passaram a reconhecer que a agropecuária é geradora de renda para os meios urbanos e rurais, assegurando o superávit da balança de pagamentos nas exportações e no Produto Interno Bruto – PIB no país. Mas mesmo assim, tem muito a se fazer para melhorar os resultados dessa atividade.

Os exemplos de união e integração do agronegócio e do cooperativismo de SC são frequentemente reconhecidos pelo país afora enquanto que as referências de falta de união do setor em nível nacional são identificadas com certa regularidade.

No Fórum Mais Milho realizado em Concórdia na última semana, o presidente do Canal Rural, Júlio Cargnino, que tem uma visão geral do agronegócio em nível de Brasil, citou que em SC as entidades estão mais juntas para defender os interesses coletivos e isso é exemplo para o país. Na visão macro, isso é verdadeiro. Conseguimos nos unir para defender determinadas causas. Mas em alguns negócios pontuais, as divergências ainda persistem.

Na reunião que a CNA realizou com lideranças do agronegócio em Florianópolis deu para sentir que falta união em nível nacional e muita gente do setor agropecuário está descontente com os resultados de suas atividades. Diversos produtos foram relatados como problemáticos nessa safra. Em ocasiões anteriores não era diferente, e se tivéssemos maior união entre entidades, governo e políticos, talvez pudéssemos reduzir esses problemas relatados.

Especificamente para o caso do milho em SC, as divergências de opiniões e de procedimentos dos integrantes da cadeia estão bem visíveis. Como somos dependentes do produto para garantir a cadeia de carnes e lácteos, observa-se claramente que ainda falta integração na cadeia milho-carnes.

Não há parceria entre produtores e consumidores apesar do esforço das cooperativas e da Secretaria da Agricultura. Os produtores precisam ter lucros na lavoura de milho, e o mercado comprador insiste em só comprar na época da colheita, não garantindo margem para quem planta. Resultado: os agricultores optam por outras culturas mais garantidas.

Por sua vez, as agroindústrias, principais compradoras de milho, pelo depoimento do diretor executivo do Sindicarne durante o Fórum do Milho, não há nenhuma intenção de garantir preços antecipados do grão de forma que estimule na época do plantio. As agroindústrias querem comprar apenas na colheita, e isso pode provocar essas divergências de em um ano estar lá em cima e outro lá em baixo. Comprovando a afirmativa de que um ano é do produtor e outro é do consumidor, ao invés da harmonizar as duas pontas.

Há que se buscar alguma mudança desse comportamento. Se houver estímulo no plantio com preços remuneradores, certamente haverá maior produtividade, uma vez que os custos da lavoura precisam ser cobertos com os preços de venda dos grãos.

O milho é uma commodity internacional; o preço é mundial, mas numa oferta normal e equilíbrio de oferta e procura. No Brasil ainda existe milho sobrando. O consumo é menor que a oferta, entretanto, o problema está na logística. Existe produto sobrando numa região do país, e faltando noutra região, como é o caso de SC. O transporte do produto onera demasiadamente o custo na região de consumo. Portanto, não é possível nivelar o problema de SC com o resto do país.

Daí a necessidade de um tratamento diferenciado para a produção catarinense, fato que não é levado em conta pelo consumidor de milho. Há que se refletir sobre isso, e atuar mais planejadamente e não apenas no imediatismo. Senão, realmente a atividade em SC corre riscos de desaparecer. Pense nisso.



Data da Notícia: 05/03/2018
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