Avisite
Nos últimos 30 dias, enquanto o frango vivo apresentou a mesma estabilidade de preço observada em idêntico período de 2012 - mas com uma valorização de 20% e obtendo a melhor cotação de 2013 - o ovo perdeu grande parte do preço conquistado em 2013.
Considerados apenas os preços médios registrados no atacado da cidade de São Paulo, de 13 de setembro (quando alcançava média de R$61,00/caixa) até os primeiros dias de outubro perdeu mais de 16% de seu valor e passou a ser negociado por R$51,00/caixa, valor que não se alterou nem mesmo na fase mais ativa de comercialização deste mês.
Menos mal que as condições de produção (leia-se: custos) sejam opostas às de um ano atrás, ocasião em que o setor viveu aquele que foi, provavelmente, o pior momento de toda sua história. Mesmo assim é preocupante constatar que os preços atualmente recebidos pelo setor produtivo se encontram no menor patamar de 2013, correspondendo à pior remuneração obtida desde novembro do ano passado.
Em princípio, momentos como esse não têm nada de anormal: correspondem à chegada da “safra” do ovo, processo que começa com o advento da Primavera e ocasiona rápido aumento da produtividade das poedeiras, gerando uma oferta adicional que não vem apenas da avicultura comercial, mas também da produção informal.
Mas, sem dúvida, a oferta adicional de 2013 vem sendo exacerbada e, tudo indica, tem como causa principal as condições de produção absolutamente inversas em relação a 2012. Explicando:
No ano passado, nesta mesma época, registrou-se generalizada queda na produção de ovos, fato detectado no levantamento trimestral do IBGE, que apontou redução tanto em relação ao trimestre anterior quanto ao mesmo trimestre de 2011. E não porque houvesse carência de matérias-primas (ao contrário, o milho teve produção recorde no ano), mas porque o preço atingido (acompanhando o mercado internacional) não cobria a baixa remuneração proporcionada pelo ovo.
Sob esse aspecto, em 2013 vive-se situação inversa em termos de preço. Novamente a disponibilidade de grãos é farta, mas o mercado internacional (com a recomposição da safra norte-americana) já não concorre com o produtor brasileiro na mesma medida anterior. Resultado: compensa produzir a todo vapor, ainda que a remuneração possa se tornar inferior à do ano passado.
Isso, claro, vale generalizadamente, mas não se aplica à avicultura de postura formal, que enfrenta a elevação de outros custos não incidentes sobre a produção informal. Portanto, mais do que nunca é necessário cautela.
Logo, a indústria de alimentação estará iniciando os preparativos para as Festas. Deve, assim, gerar uma demanda adicional capaz de neutralizar a fase de letargia atual. Mas antes que isso se concretize é preciso manter a estabilidade dos preços, ora caminhando para um patamar preocupante. Descartar poedeiras mais velhas é a única medida a adotar.