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O ovo completou o primeiro trimestre de 2016 alcançando, no mês de março, o melhor preço nominal de toda sua história. O que significou valorização de mais de 28% sobre março de 2015 e de cerca de 6,2% sobre o mês anterior.
A variação anual foi bem significativa, mas não tem nada de anormal considerando-se que grande parte do mês transcorreu sob a égide da Quaresma, período de maior consumo do ano.
Porém, não se pode esquecer que, para chegar a esse resultado, foi preciso que, já em janeiro, o setor levasse um susto. Foi quando, a despeito da valorização anual de quase 45%, o período foi encerrado com uma desvalorização de mais de 3% sobre o mês anterior – algo extremamente preocupante na medida em que o principal insumo do setor, o milho, havia aumentado quase 25% de um mês para o outro.
Atentos, os produtores descartaram galinhas mais velhas e menos produtivas. Foi o suficiente para que, no bimestre fevereiro-março, as cotações voltassem a reagir, encerrando o período com valorização próxima de 30% em relação a janeiro.
À primeira vista parece muito. Mas não é. Pois, comparativamente ao recorde anterior, obtido dois anos atrás na Quaresma de 2014, no mais recente período quaresmal o ovo registrou incremento de preço de não mais que 13,5%. E, nesse espaço de tempo, a inflação acumulou variação da ordem de 18% e o principal insumo do ovo, o milho, registrou variação não muito distante dos 50%. Ou seja: o que é, aparentemente, exorbitante, está muito aquém das necessidades do setor produtivo.
O pior, porém, é que, antes mesmo da passagem da Páscoa, os preços voltaram a retroceder. Ou seja: após forte valorização nas duas primeiras semanas de março, fecharam o mês com valor inferior ao registrado na maior parte de fevereiro.
Naturalmente, o final de mês contribuiu para os recuos observados. Mas, independente dele, são claros os indícios de que a oferta supera a capacidade de consumo – clara e crescentemente recessiva à medida que o ano avança. Parece ser hora de uma nova e profunda “limpeza” no plantel.