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O ímpeto inicial apresentado pelo ovo no mês de julho gerou boas expectativas no setor produtivo. Porque, ao contrário do frango vivo (que permaneceu com o preço inalterado desde parte de junho até, praticamente, toda primeira quinzena de julho) – em cerca de 10 dias o ovo registrou valorização muito próxima de 25%. Será que o encolhimento de consumo típico do mês – férias escolares (leia-se: merenda) e da população – estava superado?
Porém, tudo isso ficou resumido à primeira quinzena de julho. Porque, antes mesmo do término da quinzena, começou um retrocesso de preços que, quase no mesmo espaço de tempo anterior, fez com que o ovo perdesse mais da metade (13,46%) do que havia conquistado na primeira metade do mês.
Mesmo assim, julho foi encerrado com pequeno ganho (+1,03%) sobre o mês anterior. Houve ganho, também, em relação a julho de 2014. Mas o adicional obtido (+8,42%) ficou abaixo da inflação acumulada no período, o que significa resultado real negativo para o produtor.
Mas há perdas ainda maiores. Observe-se, na tabela abaixo, que no ano passado o ovo fechou o mês de julho com um preço médio 9,59% menor que o do mesmo mês de 2013. Quer dizer: o valor médio mais recente ainda permanece cerca de 2% aquém daquele registrado há mais de dois anos.
As perdas, porém, não param aí. Veja-se o gráfico à direita na tabela abaixo. Expresso em reais por caixa, o preço médio do ovo branco permanece neste ano (sete meses) três centavos abaixo do valor médio registrado nos 12 meses de 2013. Ou seja: para uma inflação que já supera os 16% (dois anos), o produtor de ovo obtém remuneração que é negativa até mesmo em valor nominal.
Menos mal se, pelo menos, essa perda fosse transferida ao consumidor. Mas, dados do Procon-SP mostram que na semana final de julho último o ovo chegou aos paulistanos por valor 13% superior ao de idêntico período de 2013.
Em resumo, para alcançar o justo valor que esse valioso alimento possui, a tradicional e única arma até aqui utilizada pelo setor produtivo (o descarte de poedeiras) não tem o menor efeito. É preciso recorrer a uma estratégia mais eficiente. E mais moderna.