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Ao contrário do ocorrido com o setor de corte, a avicultura de postura encontrou, em dezembro, um mês de Festas. Porque, mesmo não tendo repetido o bom desempenho do trimestre junho-julho-agosto, recuperou-se das baixas registradas entre setembro e novembro.
Porém, como aconteceu com o frango, também o ovo deixou mais evidente a profunda crise que vem perseguindo o consumidor. Porque, às vésperas do Natal, a demanda passou a dar visíveis sinais de exaustão. Como resultado, 2016 foi encerrado com preços inferiores aos do final de 2015. Exatamente como foi visto com o frango.
Ainda assim, o balanço de dezembro é favorável ao ovo. Pois o valor médio do produto no período ficou quase 9% acima do alcançado no mês anterior, enquanto a valorização sobre dezembro de 2015 aproximou-se de 12%. Ao contrário do frango vivo que desvalorizou-se.
Sob esse aspecto, aliás, durante todo o transcorrer de 2016 o ovo manteve um desempenho oposto ao do frango visto que, comercialmente, conseguiu neutralizar, senão totalmente, a fortíssima evolução dos custos de produção. Assim, alcançou no ano valor médio cerca de 27% superior ao de 2015.
De toda forma é impróprio considerar que esse tenha sido um desempenho excepcional. Pois, considerado o valor médio atingido três anos antes, em 2013, o preço médio alcançado pelo ovo em 2016 registra variação que não passa de 30%. E isso está aquém da inflação acumulada nos últimos três anos, da ordem de 33%.
Mas, nesta comparação, o melhor mesmo é avaliar a evolução do poder de compra do produtor de ovos em relação ao milho. E o que se constata é que enquanto em 2013 uma caixa de ovos (branco, do tipo extra) adquiriu cerca de 125 kg de milho (pouco mais de duas sacas), no ano passado o poder de compra da caixa de ovos não chegou a 100 kg, recuando mais de 20%. As perdas, portanto, são bem maiores do que aparentam.
Em 2017, o desafio inicial do setor será ultrapassar os dois primeiros meses do ano. Pois a Quaresma, período do ano em que o ovo tem obtido os melhores preços de cada exercício, só começa em 1º de março (quarta-feira de Cinzas).
E como o primeiro bimestre é caracterizado, também, por um baixíssimo consumo, os produtores terão que agir rapidamente – isto é, descartar as galinhas mais velhas e/ou de baixa produtividade – para reverter as atuais condições de mercado, visto que o ano está sendo iniciado com preços reais inferiores aos de 2015 sem que os custos tenham retroagido. Aliás, muito pelo contrário.