O tempo
Os suinocultores brasileiros acompanham, ainda que de longe, os desdobramentos da crise entre a Ucrânia e a Rússia, já que os dois países são os maiores importadores da carne de porco brasileira. A queda na exportação para essas nações pode provocar uma superoferta do produto no mercado interno, o que, para o consumidor final, pode representar queda no preço – mas, para o produtor, pode significar menor rendimento e custos que superam os ganhos.
Já em janeiro deste ano, as exportações brasileiras caíram 13% na comparação com o mesmo período do ano passado. Só para a Ucrânia, as vendas despencaram 96% no período, queda em parte explicada pela crise política e manifestações populares no país e pelo fato de o país ter formado grandes estoques do produto nos últimos três meses do ano passado. No primeiro mês do ano, as vendas para o país somaram 244 toneladas, enquanto a média era de 7.000 toneladas por mês, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
Sazonal
O presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), Antônio Ferraz, conta que a rotina do produtor é administrar a instabilidade do setor. “Estamos saindo de um período em que trabalhamos no vermelho, com os custos maiores que os ganhos”.
Segundo ele, o quilo do porco vivo é vendido para os frigoríficos por R$ 3,20, enquanto o custo de produção, inflado pelo período de seca e pela alta do milho – insumo utilizado na ração, é de R$ 3,27. Na próxima semana, a queda prevista nas temperaturas e o aumento do consumo vão elevar o preço de venda para R$ 3,40, o que volta a tornar a atividade viável.
Preço mínimo
Entidades representativas do setor de suinocultura devem se reunir em Brasília na próxima semana para pedir ao governo o estabelecimento de um preço mínimo para o quilo do porco vivo. Dessa forma, os produtores esperam ter garantias financeiras para produzir.
Caso o preço de venda fique menor que o custo de produção, o governo faria um estoque do produto, elevando artificialmente o preço.
Em dezembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff vetou o Projeto de Lei 7.416/2010, do senador Valdir Raupp (PMDB/RO), que incluía a carne suína na pauta de produtos amparados pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). A presidente justificou o veto dizendo que é possível, mesmo sem lei específica, garantir o preço mínimo do produto.
Principais mercados da exportação brasileira de carne de porco
Veja os quatro maiores mercados:
Rússia: 34,6%
Hong Kong: 26,5%
Ucrânia: 14,4%
Angola: 11,6%
Evolução da exportação:
1998: 81,5 mil toneladas
2012: 581,4 mil toneladas Variação: 600%
Dados de Minas Gerais:
5 milhões de animais (12,8% do total nacional)
1200 produtores
Produção em Minas: 435,8 mil toneladas
Exportação: 26 mil toneladas
Mercado interno: 409 mil toneladas
Fonte: Asemg e Abipecs