Diário Catarinense
Pouco mais de um mês após a deflagração da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, os criadores independentes de suínos ainda sentem dos efeitos, mesmo com a nomarlização dos embarques ao exterior. O preço pago a esses produtores, que chegava a R$ 4,10, caiu para até R$ 3,70 segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi. Ele esteve presente nesta quarta-feira em um debate sobre biossegurança na AveSui, evento nacional do setor, em Florianópolis.
— A partir de junho a gente acredita que possa melhorar, já que com o inverno a tendência é que a demanda aumente - diz Lorenzi.
Segundo dados da ACCS, em SC há cerca de oito mil criadores de suínos, 85% deles integrados. Para estes, que têm contratos de médio e longo prazo com os grande frigoríficos, o preço não sofreu variação, conforme levantamento da Epagri.
As revelações da operação se sobrepuseram a uma situação já complicada que os criadores indpendentes viviam desde 2015 por conta do alto preço dos insumos, especialmente do milho, O produtor de suínos de Braço do Norte Daniel Michels afirma que já havia tido pelo menos R$ 300 mil de prejuízo entre 2015 e 2016 por causa do custo dos insumos. Agora, se preocupa com os preços pagos pelos animais.
Somou-se ao cenário a crise econômica que retraiu o consumo dos brasileiros. Para o presidente do Sindicarne, Ricardo Gouvêa, esta ainda é a principal causa da queda dos preços aos produtores:
— Esses produtores independentes eles praticam o preço de São Paulo, porque vendem em geral para empresas pequenas de lá. Se o dono da empresa está vendendo menos salame, por exemplo, o preço pago pelo animal vivo cai.
As exportações catarinenses de proteína animal chegaram a ter um incremento de 25% no valor embarcado em março deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, apesar da crise da carne. Mas, quem trabalha no setor, como Lorenzi e Gouvêa, acredita que o impacto deve ser sentido em abril, até porque a Carne Fraca foi deflagrada após a metade de março, quando boa parte do volume do mês já havia sido vendido.
- Quando a operação estourou, muito navio já estava no mar, a caminho do destino - explica o presidente do Sindicarne.
De acordo com um levantameno da Epagri feito na região de Chapecó, os preços de suínos aos produtores independetes permaneceram estáveis até o dia 30 de março - a operação da PF ocorreu no dia 17 -, em uma média de R$ 3,85. Entre o dia 1º e o dia 4 de abril, contudo, os preços caíram para R$ 3,75.
No caso das aves, houve queda de R$ 2,39 para R$ 2,37 logo após a operação. O tombo maior, entretanto, só apareceu na primeira semana de abril, quando o valor foi a R$ 2,29.
O secretário de Estado da Agricultura, Moacir Sopelsa, também presente no evento, diz que é difícil estimar o prejuízo do Estado, mas que com certeza houve efeitos negativos. Ele e outros debatedores, como o superintendente do Ministério da Agricultura em SC, Fernando Feriberger, e o presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Enori Barbieri, reafirmaram que o Estado não teve nenhum problema de corrupção envolvendo fiscais e o status sanitário de SC é diferenciado.