Avisite
O Conselho Nacional do Frango (CNC, na sigla em inglês), entidade representativa da indústria avícola de corte dos EUA divulgou notícia – replicada nos mais variados meios de comunicação – observando que, devido a restrições no abastecimento de carne bovina e a problemas sanitários que reduziram a oferta de carne suína, o consumo local da carne de frango aumenta 17% em 2014.
Efetivamente, o consumo da carne de frango nos EUA aumenta em 2014. Mas chegar ao índice apontado – 17% - é possibilidade pouco ou nada provável se considerada a estabilidade da produção animal e da própria economia norte-americana. E o Departamento de Agricultura dos EUA também demonstra isso ao prever (tabela abaixo) que, embora em expansão no corrente exercício, a produção local de carne de frango crescerá pouco mais de 1%, enquanto o incremento no consumo per capita deve girar em torno de 0,85%.
Mas de onde saiu esse número “mágico” - 17%? Simples. Dois anos atrás o CNC fez uma pesquisa na qual indagou: quantas das refeições feitas na semana continham carne de frango? A resposta (média) dos pesquisados, então, foi: do total de refeições feitas na semana, 5,2 delas continham carne de frango. Repetida a pergunta em 2014, a resposta média foi: 6,1.
Vem daí os 17% adicionais apregoados pelo CNC, que também acrescenta: entre os consumidores nascidos entre os anos 1980 e 2000 (a chamada “geração millennial”) o número médio de refeições com carne de frango realizadas em uma semana chegou a 7,7, ou seja, 26% a mais que a média envolvendo todos os tipos de consumidores.
Mas nada disso significa que o consumo esteja aumentando 17% ou 26%. Aliás, pelas previsões do USDA, mesmo no ano que vem o consumo per capita de carne de frango dos norte-americanos será apenas 1,69% superior ao registrado no primeiro ano da corrente década, 2011.