DCI
As estratégias para os mercados de carne bovina, suína e de frango são distintas, mas coincidem em um ponto: todos devem se beneficiar muito com o apetite de compras dos chineses. Líder em importação de grãos, a China agora é o principal alvo, não só da cadeia de proteína animal, mas de quase todo o agronegócio do Brasil.
"Hoje, a corrente de comércio entre Brasil e China soma US$ 78 bilhões e poderemos chegar a US$ 100 bilhões rapidamente. Um acordo entre nossos países seria um grande acontecimento", disse a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, ao líder da pasta agrícola chinês, Han Changfu, no intuito de estreitar ainda mais as relações entre os países. A informação foi divulgada em nota.
Durante missão em Pequim nesta semana, Kátia anunciou a habilitação de sete novas plantas frigoríficas, sendo três para carne bovina, duas de suína, e duas de frango. Segundo o ministério, a expectativa é de que cada estabelecimento exporte de US$ 18 milhões a US$ 20 milhões por ano.
Saída para o boi
Após três anos de embargo, os compradores do gigante asiático anunciaram, no primeiro semestre, o retorno às importações de bovino do Brasil. Com a efetivação dos embarques, o país foi direto para o topo do ranking de vendas mensais. Só em outubro, na segunda posição, foram 17,27 mil toneladas, um faturamento de US$ 83,4 milhões, apontam dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Estes números devem colaborar para atenuar o resultado negativo do setor, acumulado no ano (até outubro) em retrações de 18% em receita e 11% no volume. A recente reabertura da Arábia Saudita também deve trazer um novo fôlego.
Em relatório, os analistas da Fator Corretora, Caio Moreira e Juliana Heimbeck, avaliam que os frigoríficos de carne bovina que conseguiram diversificar sua clientela internacional e que estiverem mais bem posicionados para atender a crescente demanda chinesa, devem apresentar melhor desempenho lá fora.
Aves e suínos
Somadas as novas habilitações, agora o País conta com 30 plantas prontas para enviar aves à China e outras sete para suínos. "A cada planta habilitada, amplia-se em média de oito a dez mil toneladas nas exportações . É uma demanda consistente, eles habilitam e compram mesmo", afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Segundo ele, outros 15 frigoríficos estão na fila, apenas aguardando a aprovação para incrementarem os resultados do setor.
Dados da associação mostram que, até outubro, os chineses já importaram 253,5 mil toneladas de frango, um salto de 34% sobre as 188,9 mil toneladas registradas no mesmo período de 2014.
México
Outra novidade foi a habilitação de 15 plantas para exportação de aves ao México. Em nota, o ministério informou que "a expectativa do setor privado é triplicar os embarques de aves para o México em 2016, o que pode variar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões". De janeiro a outubro deste ano, as vendas do produto para aquele mercado somaram US$ 53 milhões.
Turra conta que, até o ano passado, os mexicanos tinham que importar um excedente de produção de carnes dos Estados Unidos e era praticamente impossível adquirir o produto brasileiro, em função de tarifas que chegavam a 18,5%. "Agora recebemos essa notícia com muita euforia e ainda temos uma cota de 100 mil toneladas para carne de peru, proveniente da BRF e da JBS", lembra.
Questionado sobre a oferta para atender toda essa nova demanda, tanto da China quanto do México, o presidente da ABPA enfatiza que há uma capacidade ociosa que dará conta dos novos pedidos sem prejuízos ao mercado.