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A China deve tornar-se o maior consumidor de carne de porco per capita, ultrapassando a União Europeia, em 2022, segundo o relatório Perspetivas Agrícolas 2013-2022 que antecipa um aumento das importações deste país asiático.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) salientam, no documento, que o consumo de carne de porco per capita na China aumentou para 38 quilos em 2010 (13% em dez anos) e estimam para os próximos anos um crescimento médio anual de 1,6%.
A China tem-se mantido autossuficiente, mas será um desafio continuar assim na próxima década face ao aumento da procura, prevendo-se que uma diminuição de 2,3 milhões de toneladas anuais na produção de carne de porco signifique um aumento de 1,5 milhões de toneladas nas importações.
Os principais fornecedores da China atualmente são a União Europeia, os EUA, o Canadá e o Brasil, refere o documento hoje apresentado, em Pequim, pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e pelo diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.
Em maio, a China abriu as portas ao leite português e a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, anunciou na altura que espera fechar em breve o dossier relativo às exportações de carne de porco.
Os especialistas da OCDE e da FAO dão destaque à China nesta edição das 'Perspetivas Agrícolas' devido ao impacto que o desenvolvimento da agricultura neste país, que tem um quinto da população mundial, pode ter nos mercados internacionais.
Embora se antecipe um aumento das importações para satisfazer a procura, a China deve manter-se autossuficiente na maior parte das produções, apesar de comparativamente, ter poucos terrenos agrícolas e água disponíveis.
O crescimento do consumo deve ultrapassar ligeiramente o crescimento da produção (0,3%) e espera-se, por isso, uma ligeira abertura do setor agrícola chinês.
As importações de oleaginosas devem aumentar 40% entre 2013 e 2022, representando 59% do comércio global e a área de plantação do algodão deve cair 21%, devido à intensificação da concorrência dos têxteis da Índia e outros países com baixos custos laborais.
Brasil entre os maiores fornecedores de produtos agrícolas
Já a América Latina, e sobretudo o Brasil, será uma das regiões onde a agricultura mais crescerá, a par da Europa de Leste, tornando estas duas regiões nos principais fornecedores agrícolas na próxima década.
Segundo o documento, em 2022, os países em desenvolvimento serão responsáveis pela maioria das exportações de cereais, arroz, oleaginosas, óleos vegetais, açúcar, carne e peixe.
No lado das importações, as regiões com maior défice alimentar são o Médio Oriente, África e Ásia, prevendo-se que registem o maior incremento em termos de procura alimentar e importações agrícolas na próxima década devido ao aumento dos rendimentos da população e expansão das classes médias em muitos destes países.
O Brasil deve crescer a uma taxa média de 4,3% tornando-se com outras economias emergentes, um dos principais impulsionadores da economia mundial.
A produção de açúcar vai aumentar quase 2% por ano, sobretudo a partir de cana do açúcar. com o Brasil a assegurar 50% do comércio mundial, mas o aumento da produção de etanol deve provocar uma subida dos preços.
Em 2022, a produção mundial de etanol deve aumentar quase 70% comparativamente à média de 2010-2012, crescendo 4% ao ano para os 168 mil milhões de toneladas.
Estima-se que, em 2022, a produção de biocombustíveis absorva 28% da produção mundial de açúcar de cana, 15% de óleos vegetais e 12% de cereais.
A produção de biodiesel deve crescer a um ritmo ligeiramente mais rápido do que a de etanol, a 4,5% ao ano, atingindo 41 mil milhões em 2022, sendo a União Europeia o principal produtor e utilizador.