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Cientistas mostraram pela primeira vez que duas cepas diferentes do vírus influenza A (IAV), o H3N8, são capazes de infectar e se replicar em suínos. O estudo, que foi conduzido pela Dra. Maria Montoya, pesquisadora do Instituto Pirbright, em Surrey e CReSA, em Barcelona, também revelou que o teste de inibição da hemoglutinação padrão (HAI) usado para detectar a gripe em animais e uma ferramenta vital para a vigilância da doença, foi ineficaz para o H3N8 em hospedeiros suínos.
Capacidade do vírus para cruzar espécies
O vírus aviário influenza A ganhou cada vez mais atenção devido à sua capacidade para cruzar a barreira entre espécies e causar doenças graves em humanos e outras espécies de mamíferos, tais como suínos. O vírus H3, em particular H3N8, é altamente adaptável, uma vez que é encontrado em vários hospedeiros mamíferos e aves. Embora casos em humanos ainda não tenham sido registrados, a cepa é conhecida por ser capaz de infectar seres humanos, após um estudo no início dos anos 1950.
A grande preocupação que o estudo levanta é a possibilidade de os suínos atuarem como hospedeiros intermediários do vírus de influenza A, abrindo a possibilidade de cepas aviárias se unirem e recombinarem a cepas de suínos, dando origem a um vírus de alta patogenicidade capaz de infectar humanos. Se H3N8 é capaz de romper a barreira entre espécies e circular sem ser detectado em suínos, em seguida, a possibilidade de ele vir em conjunto com cepas de vírus da gripe aviária em circulação são maiximizados.
"Um vírus sorrateiro em suínos"
"Demonstrou-se que a cepa H1N1 que causou a pandemia de gripe de 2009 tinha previamente circulado entre a população de suínos," explica a Dra. Montoya. "Com H3N8 agindo como um vírus sorrateiro em suínos, e capaz de passar despercebido através de testes padrão, então não é difícil imaginar que ele poderia ser um candidato para futuros surtos."
A pesquisa, que foi publicada com acesso livre no Journal of Virology, foi realizada para obter informações sobre a possibilidade de vírus H3N8 da gripe A de diferentes hospedeiros cruzar a barreira das espécies. Experimentos in vitro, juntamente com uma infecção experimental em suínos foram realizados com quatro vírus H3N8 de diferentes origens; equinos, cães, aves e focas. Embora os vírus de equinos e cães tenham mostrado pouca capacidade de replicação em porcos, os vírus aviários e de focas replicaram-se substancialmente.
"Poderia se propagar silenciosamente"
"Nosso estudo demonstra que não só o vírus de influenza H3N8 encontrados em focas e aves aquáticas selvagens tem o potencial de cruzar a barreira das espécies e estabelecer infecções bem sucedidas em suínos, como pode também se espalhar despercebido com HAI sendo a ferramenta de diagnóstico favorecido por este vírus", disse a Dra. Montoya.
Todas as cepas de vírus utilizadas no estudo foram sequenciadas para procurar mutações que foram anteriormente relatados como assinaturas de adaptação de mamífero. No entanto, as mutações encontradas são desconhecidas e estudos adicionais são necessários para demonstrar se estas novas mutações podem ter um papel possibilitando a infecção de mamíferos.
Confira o artigo original aqui (em inglês)