Carne suína alcança novo patamar no consumo interno

A carne suína vive um novo momento no Brasil. Após anos sendo vista como uma proteína secundária, marcada por mitos e desinformação, ela passou a figurar como uma escolha frequente no prato do consumidor. Essa transformação é resultado de um conjunto de fatores econômicos, estruturais e comportamentais que consolidaram a suinocultura como uma das atividades mais dinâmicas do agronegócio nacional.

Durante palestra no lançamento da Semana Nacional da Carne Suína, o consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, destacou que a proteína suína conquistou espaço no mercado doméstico por oferecer um equilíbrio estratégico entre preço e quantidade. Segundo ele, essa combinação é responsável por posicionar a carne suína entre as opções mais competitivas frente à bovina e à de frango. “A carne suína vende proporcionalmente bem em termos de preço e de volume. Essa harmonia é um diferencial”, afirmou.

Os números confirmam essa evolução. Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo per capita de carne suína cresceu 33,4% nos últimos dez anos, saltando de 14,47 kg em 2015 para 19,3 kg em 2025. Trata-se do maior crescimento entre as principais proteínas consumidas no país. Em contrapartida, o consumo de carne bovina caiu 6,6% no mesmo período, enquanto o de frango recuou 2,9%.

Esse avanço ocorreu mesmo diante de desafios significativos. Entre 2021 e 2022, a produção brasileira aumentou cerca de 20%, impulsionada por um crescimento das exportações. No entanto, a desaceleração das vendas externas fez com que cerca de 300 mil toneladas de carne ficassem no mercado interno, pressionando os preços pagos ao produtor e gerando prejuízos. “Foi um momento difícil. Se essa crise tivesse ocorrido há 10 ou 15 anos, sem os canais de comercialização que temos hoje, muitos produtores não teriam conseguido escoar sua produção”, avaliou Machado.

Apesar da crise, o mercado interno absorveu o excedente, sinalizando uma mudança estrutural no consumo. A carne suína deixou de ser um produto marginal, consumido ocasionalmente, e passou a integrar a rotina alimentar dos brasileiros. A familiarização do público com os cortes, a valorização da proteína em campanhas de marketing e a melhora na percepção sobre saúde e preparo foram decisivos nesse processo.

Foto: reprodução
Consumo per capita de carne suína cresceu 33,4% nos últimos dez anos, saltando de 14,47 kg em 2015 para 19,3 kg em 2025

Para 2025, a expectativa da ABCS é de que a produção cresça entre 2% e 2,5%, enquanto as exportações devem avançar em torno de 7%. A previsão é de estabilidade no consumo interno, o que indica um ano de consolidação — mais do que de expansão. “Agora é hora de consolidar os avanços, manter os quase 20 quilos per capita e reforçar a presença da carne suína na mesa do brasileiro”, destacou o consultor.

Outro ponto abordado por Machado foi a relação entre as três principais proteínas animais. Um estudo da consultoria MB Agro demonstrou que há uma correlação direta entre os preços das carnes. Por exemplo, uma alta de 10% na carne bovina tende a elevar em até 7% o preço da carne suína no varejo, enquanto o frango sofre um impacto de 6%. Até o ovo é afetado: a mesma variação eleva seu preço em cerca de 4%. A lógica é clara — diante do aumento de uma proteína, o consumidor migra para outra mais acessível, reforçando o papel da carne suína como alternativa competitiva e de qualidade.

A nova fase da suinocultura, portanto, está fundamentada em três pilares: competitividade, estrutura de mercado e mudança de hábito do consumidor. A carne suína, que já demonstrou seu potencial no mercado externo, mostra agora que tem força também no mercado interno. E se depender do desempenho recente, ela deve seguir firme como protagonista do consumo de proteína animal no Brasil.

Fonte: FEED & FOOD

Data da Notícia: 12/06/2025
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