AviSite
Anualmente, instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais lançam projeções decenais sobre as tendências de mercado – produção, exportação, oferta interna – de produtos agropecuários. Mas – pergunta-se – completada uma década, alguém contrapôs os números projetados àqueles realmente alcançados?
O AviSite fez isso em relação às projeções efetuadas há 10 anos (início de 2006) pelo Ministério da Agricultura, através de sua Assessoria de Gestão Estratégica (AGE), em relação à carne de frango.
Então, baseando-se no comportamento da produção e das exportações nos primeiros anos do século XXI, mas partindo dos resultados consolidados registrados em 2000, a AGE lançou suas projeções de produção, exportação e oferta interna de carne de frango para os dez anos que iam de 2006 a 2015.
Na época em que os estudos foram desenvolvidos (final de 2005, início de 2006), o Brasil começava a destacar-se como país líder na exportação mundial de carne de frango, posição que galgara em 2004. Assim, havia fechado 2005 com uma expansão de 210% em relação ao que exportara em 2000 (de 916 mil/t para 2,846 milhões/t), desempenho que correspondeu a um crescimento médio de 25% ao ano. Impressionante! – simplesmente, sobretudo para os tempos atuais.
Mas isso, claro, não foi levado em conta nas projeções do MAPA que, com certeza, se baseou no comportamento evolutivo da carne de frango e das carnes concorrentes no mercado mundial. Assim, o apontado foi uma expansão média anual de 10,65% para as exportações; de, aproximadamente, 5% para a produção; e, por consequência, aumento de pouco mais de 3% ao ano na oferta interna. Dessa forma, a produção de 2015 deveria ficar próxima dos 12,3 milhões de toneladas, as exportações em quase 4,2 milhões de toneladas, restando como oferta interna, pouco mais de 8 milhões de toneladas.
Uma década depois se constata que tais projeções corresponderam muito de perto à realidade. E o acerto maior recaiu sobre as exportações que, conforme os números da SECEX/MDIC, ficaram apenas 1% acima do previsto com grande antecedência. E se o previsto em 2006 era uma expansão média de 10,65% ao ano, os embarques efetivos cresceram à razão de 10,73% ao ano – diferença de apenas 0,08 ponto percentual.
Quanto à produção – o volume produzido em 2015 ficou em 13,146 milhões de toneladas, informa a ABPA – a diferença em relação ao projetado é maior, mas pouco significativa se considerado o espaço de tempo da projeção. Ou seja: enquanto o previsto era uma expansão média em torno de 4,9% ao ano, a produção efetiva aumentou em torno de 5,4% ao ano – uma diferença de meio ponto percentual.
Porém, mesmo essa pequena diferença suscita uma indagação: será que a avicultura não teria obtido resultados melhores se tivesse se mantido dentro do que previu o MAPA?
Obviamente, como a produção superou o previsto enquanto as exportações corresponderam ao projetado, a oferta interna ficou acima do inicialmente apontado. Porém, novamente, as diferenças não são representativas visto que, na expansão anual, ficaram em apenas 0,69 ponto percentual ao ano (previsto: 3,16% a/a; real: 3,85% a/a).
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E já que estamos falando de projeções e resultados reais, talvez seja oportuno fechar o assunto analisando os resultados efetivos alcançados pela avicultura em 2015 em comparação às projeções feitas pela mesma AGE do MAPA em meados do ano passado abrangendo o período 2015/2025.
Como datam de julho de 2015, é certo que os estudos que conduziram aos números projetados foram desenvolvidos no decorrer do primeiro semestre, ocasião em que as exportações de carne de frango seguiam negativas em relação ao ano anterior.
Mesmo assim, o MAPA previu que fechariam o ano próximas de 4,1 milhões de toneladas, o que significaria aumento (e não redução) de 2,5% sobre 2014. Errou por pouco, pois chegaram aos 4,2 milhões de toneladas. Não custa lembrar, porém, que o volume adicional registrado veio de uma situação de mercado inesperada: o surto de IA nos EUA, que levou importadores a buscarem o produto no Brasil.
Porém, diferença mínima ocorreu com a projeção de produção de carne de frango em 2015. Pelo que o MAPA projetou em julho do ano passado, elas iriam chegar a 13,133 milhões de toneladas. Já pelos números finais divulgados pela ABPA em janeiro deste ano a produção brasileira de carne de frango de 2015 ficou em 13,146 milhões de toneladas. Uma diferença de 13 mil toneladas ou menos de 0,1%.
Em tempo: considerados os volumes reais consolidados em 2015, as projeções do MAPA apontam – para 2025 – crescimento médio de 4,7% ao ano na exportação e de 3,8% na produção. Isso implica em um incremento de 3,4% a/a na oferta interna.