Avisite
Ao divulgar, no início da semana, os índices de evolução anual de consumo de 24 diferentes alimentos, José Garcia Gasques, coordenador do Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, também responsável pelo trabalho divulgado, observou que “produtos básicos, como arroz e feijão, devem ter o crescimento do consumo associado ao aumento da população. Essa demanda tem crescido por volta de 1% ao ano, pouco abaixo do crescimento populacional”.
O que não foi dito, mas está implícito na tabela divulgada (reprodução abaixo), é que a carne de frango já está inserida no grupo dos “produtos básicos”, como o arroz e o feijão. Pois, no período analisado (quinquênio 2008/2012) sua evolução de consumo anual ficou apenas 0,66 ponto percentual acima da evolução registrada pelo consumo de feijão e pouco mais de meio ponto percentual acima da evolução obtida pelo arroz.
Não só isso: entre os 24 produtos relacionados, a carne de frango foi o sétimo alimento com menor taxa de evolução. Os outros seis são, todos, alimentos básicos para os brasileiros. Ou, além do arroz e feijão, óleo de soja, macarrão, açúcar e café.
É interessante observar, ainda, que entre os 17 produtos com expansão de consumo superior à da carne de frango (+1,87% ao ano) estão a carne bovina (+2,77%) e a aguardente de cana (+2,11%). Mencione-se, também, que nesse período a renda per capita dos brasileiros (dado do Ipeadata, órgão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA) registrou aumento de 1,72% ao ano. Portanto, a carne de frango praticamente não se beneficiou desse ganho, pois teve um incremento de consumo apenas 0,15 ponto percentual acima do aumento da renda per capita.
Se, no tocante à carne de frango, o relatório divulgado traz alguma mensagem para o setor produtivo, essa mensagem é a de que estão proibidos incrementos de produção em índices elevados como os registrados até poucos anos atrás. Porque o consumo interno tende, cada vez mais, a um crescimento muito próximo do crescimento vegetativo da população. E isso, infelizmente, talvez se aplique também à demanda externa.