Valor Econômico
Depois de obterem margens recorde em 2014, as maiores empresas do setor BRF e JBS Foods estão embaladas pelos bons ventos do mercado externo, agora mais favoráveis devido à desvalorização do real e ao surto de gripe aviária que atinge alguns competidores como os EUA. Até mesmo no mercado interno, onde o quadro de inflação elevada e fraca demanda preocupa frigoríficos de carne bovina, a indústria de carne de frango pode se beneficiar. Por ser a proteína mais barata, o produto vem ganhando espaço na preferência do consumidor em detrimento da carne bovina, que enfrenta resistência diante dos preços
persistentemente altos. "A carne de frango é muito conectada com a carne bovina. Quando se tem um patamar elevado, você estimula o consumo de frango", diz o analista do Rabobank Adolfo Fontes. Mas o estímulo ao consumo não é o único efeito positivo para a indústria. Segundo ele, o cenário também abre espaço para uma alta das cotações da carne de frango, na medida em que o diferencial de preços entre a carne bovina e o produto permanece elevado. (...) Segundo o vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin, o surto de gripe aviária que atinge diversos Estados dos EUA, principal concorrente do Brasil nas exportações, já beneficia positivamente as exportações de carne de frango para a China, que embargou o produto americano em janeiro por conta da gripe aviária. Em março, as exportações brasileiras de carne de frango para a China cresceram 42% ante igual intervalo de 2014, para 24,8 mil toneladas. Além da China, Santin também destaca que o México, maior mercado para a carne de frango americana, mantém contatos para a ampliar as compras do produto do Brasil. Por conta da gripe aviária, os mexicanos embargaram as importações de alguns Estados dos EUA. "Não vou dizer que já está ganhando mercado, mas no próprio México começa a haver um aumento da procura [por carne brasileira]", afirma. Além desse benefício de ordem sanitária, Santin enfatiza, ainda, o impacto positivo da desvalorização do dólar ante o real. Segundo ele, mesmo com uma queda de 8,4% no faturamento em dólar obtido com as exportações no primeiro trimestre, a receita em reais foi 11% maior. Em volume, os embarques no período totalizaram 928,7 mil toneladas, ligeira queda 0,2% ante igual intervalo de 2014. Para Santin, essa leve queda do volume de carne de frango exportada pode ser encarada de maneira positiva. De acordo com ele, os embarques do trimestre foram prejudicados pela greve dos caminhoneiros. Além disso, houve impacto de feriados que reduziram a produção e os embarques tanto em janeiro como em fevereiro. "Passando esses episódios, a gente verifica que o trimestre foi bom". (Veja notícia completa em http://bit.ly/1OdutTu)