Brics recusam oferta de livre comércio da China

ABIC

A sondagem informal ocorreu na preparação da cúpula dos líderes dos cinco emergentes, em outubro em Goa, na Índia.

O governo chinês tentou emplacar a ideia, sugerindo que o pacto para concessões recíprocas impulsionaria o comércio entre os cinco. Os parceiros reagiram friamente ao plano. "No atual estágio, faz mais sentido acelerar a promoção comercial para diversificar e intensificar as trocas", disse Carlos Márcio Cozendey, subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty.

O temor do Brasil, Índia, Rússia e África do Sul é o de que a iniciativa só aumentaria a entrada de produtos chineses em seus mercados e prejudicaria a indústria local, já abalada pela situação econômica.

Uma ilustração da sensibilidade à concorrência chinesa foi a compra pelo presidente Michel Temer de um par de sapatos e um brinquedo chineses em Hangzhou, na cúpula do G-20, despertando a ira de setores no Brasil que sofrem com a concorrência chinesa.

Para o Brasil, um acordo de livre comércio aumentaria os desequilíbrios comerciais. Hoje, 70% das exportações brasileiras são de produtos básicos, e a China impõe barreiras aos manufaturados.

Exportadores de matérias primas, o Brasil e a África do Sul mantêm hoje superávit com a China. Entre 2009 e 2015 o Brasil vendeu US$ 46 bilhões a mais do que comprou dos chineses. Já a Índia diz que seu déficit com os chineses pulou de US$ 1,1 bilhão entre 2003 e 2004 para US$ 52,7 bilhões em 2015 e 2016. O superávit chinês com a Rússia é de US$ 12 bilhões.

A iniciativa que deve prosperar no Brics é a de identificar setores que podem ampliar a promoção comercial. A Confederação Nacional da Indústria mapeou recentemente 14 segmentos de produtos que o Brasil possui vantagem competitiva para exportar, mas que sofrem com barreiras na China. São eles: carne de aves, bovina e suína; café torrado, em pó e essência; extrato e suco de frutas; suco de laranja; soja em grão e óleo; bebidas processadas; vinhos; couros e peles; celulose e papel; produtos químicos; máquinas; equipamentos médico e hospitalares.



Data da Notícia: 16/09/2016
Tags: Economia, China
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