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O comércio global de carne avícola em 2015 continuará a ser impactado por questões como restrições comerciais e gripe aviária, com o Brasil sendo o melhor posicionado para ganhar mercado no ano que vem na Rússia e em outros países. Grandes produtores mundiais estão perdendo seu poder de oferta uma vez que foram duramente atingidos por surtos de gripe aviária, de acordo com um relatório sobre o comércio de frango global feito pelo Rabobank para o quarto trimestre.
“A chave para os próximos meses é a disseminação (de gripe aviária), que se tornou uma questão global nos últimos meses”, escreveu o analista do Rabobank, Nan-Dirk Mulder. “Várias cepas já são endêmicas em várias partes da Ásia e no México, e a doença está cada vez mais se espalhando globalmente através das aves selvagens. ... A única região que não foi atingida por surtos (de gripe aviária) é a América do Sul.”
Os produtores de aves que foram afetados por surtos de gripe aviária, como o Canadá e a União Europeia, continuarão a sofrer perdas nas exportações, o que também afetará a oferta local e preços relacionados, previram os analistas.
Os surtos de novas cepas altamente patogênicas da gripe aviária na UE, Canadá, Índia e Egito em 2014, que se seguiram aos casos existentes na Ásia Oriental e no México, vão se tornar um problema global para a indústria. As regiões que estão afetadas continuarão a sofrer danos e perdas econômicas de exportação, com preços locais caindo em resposta.
Mais adiante, as indústrias de aves vão precisar se preparar para a pressão de longo prazo sobre as doenças avícolas, o que exigirá maiores níveis de biossegurança e adaptação dos modelos de negócios existentes.
As perspectivas para regiões não afetadas em 2015, como os Estados Unidos e o Brasil, estão fortes, de acordo com o Rabobank. A proibição de importação russa de carne de frango de muitos mercados resultará na persistência de preços elevados e margens no interior da Rússia. Surtos de gripe aviária em partes da Europa tiveram um grande impacto no setor de aves da Rússia, já que a indústria nacional depende de importações provenientes destes países para prover 15% de sua oferta de ovos para incubação.
As relações comerciais globais mudarão significativamente em 2015 e o Brasil está posicionado para ser o grande vencedor, com uma relação mais forte de exportação com a Rússia e uma maior chance de conquistar cotas de mercado perdidas pelos EUA e pela UE. Um aumento das vendas para a Rússia provavelmente vai adicionar 150 mil toneladas às exportações anuais de carne de frango do Brasil.
O Brasil está relativamente seguro contra surtos de gripe aviária, graças à sua localização isolada das rotas de migração de aves da Ásia, e também conta com uma moeda desvalorizada que favorece as exportações, além da perspectiva de o setor aumentar a produção doméstica em 3% no ano que vem.
“Em comparação aos últimos anos, os riscos a serem enfrentados pela indústria avícola brasileira parecem bastante baixos para 2015”, escreveu Mulder, “devido aos custos mais baixos de alimentação e à expectativa de um maior crescimento nas exportações, o que deve criar um cenário positivo para o setor.”