Valor Econômico
A renovação de ansiedades quanto ao compromisso do governo da China de contribuir para a estabilização do mercado acionário do país, com a injeção de recursos para dar sustentação aos preços, deflagrou perdas acentuadas na Bolsa de Xangai nesta terça-feira, apesar dos sinais de recuperação do mercado de habitação e da iniciativa do BC de injetar liquidez no sistema financeiro para se contrapor à saída de recursos derivada do recente enfraquecimento do yuan.
Assim, o Xangai Composto caiu 6,15%, aos 3.748,16 pontos, enquanto, em Hong Kong, o Hang Seng encerrou o dia em baixa de 1,43%, aos 23.474,97 pontos. O Shenzhen Composto fechou o dia em queda de 6,6%, aos 2.174,42 pontos.
“Por volta das 14h (horário local), o mercado começou a cair novamente em um ritmo muito acentuado”, diz Steve Wang, diretor de pesquisa do Reorient Group. “Todos questionaram por que o governo não ingressou [na ponta de compras], em um momento do dia em que normalmente faria isso”, acrescenta o analista.
A forte onda de vendas observada no fim da sessão ecoa sessões das últimas semanas em que a falta de sinais de presença de fundos do governo na ponta de compras fez com que as perdas se acelerassem. Das empresas listadas em Xangai, 58% atingiram o limite diário de 10% de depreciação nesta terça-feira, o mesmo tendo ocorrido com 52% das empresas listdas em Shenzhen, de acordo com a FactSet.
No Japão, a Bolsa de Tóquio fechou em leve baixa, com o nível de confiança tendo sido pressionado pelo novo ajuste acentuado das bolsas na China. O índice Nikkei, referência de Tóquio, recuou 0,32%, aos 20.554,47 pontos, cedendo 65,79 pontos, após ter registrado avanço de 100,81 pontos na sessão anterior.
O mercado de ações de Tóquio deve se manter em tendência descendente no curto prazo, em meio aos receios decorrentes da perda de dinamismo econômico da China e ao respectivo impacto que poderá ter no resto do mundo, avalia Masayuki Kubota, estrategista-chefe da Rakuten Securities.
Embora as recentes quedas dos preços das commodities sejam positivas para a economia global no longo prazo, fatores negativos, como perdas derivadas da desvalorização das ações, devem ter impacto em um primeiro momento, acrescenta Kubota.
Tendo em vista essas preocupações, o Nikkei pode cair abaixo da marca de 20 mil pontos, mas os investidores locais devem aproveitar as quedas para comprar, avalia o estrategista. Assim, Kubota prevê que o índice atinja 22 mil pontos no final do ano, uma vez que se espera que o ímpeto dos mercados ganhe força após as empresas japonesas publicarem os resultados do primeiro semestre do ano fiscal, em outubro.