Avicultores que não adequarem granjas ficarão fora do mercado

Farming

Os avicultores brasileiros devem adequar granjas para evitar que a gripe aviária chegue ao Brasil. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, assinou nesta terça-feira (21/02) a Instrução Normativa número 10, uma nova política com requisitos para proteger o setor da doença. “A gripe aviária é uma questão que nos preocupa bastante. O Brasil é um grande produtor de aves e grande exportador para mais de 160 países”, afirmou Blairo Maggi, durante coletiva de imprensa, em São Paulo.

Os produtores terão prazo de um ano para implementar as mudanças. Entre os requisitos para a adequação da granja, o avicultor deverá investir em telamento, com cerca externa e área de desinfecção, investir em tratamento de água com cloro e implementar um programa de controle de ratos. “Quem não cumprir, ao final do prazo estará fora [do mercado]. Não poderá comercializar o produto, os frigoríficos não poderão receber”, afirmou Blairo Maggi.

Investimentos nas granjas

Segundo Maggi, o setor deverá conscientizar o produtor sobre a importância dessa adequação. “As coisas que serão feitas serão para proteger o patrimônio dos avicultores e o nosso mercado. É um investimento novo que deverá ser feito e bancado pelo produtor”, afirmou Maggi.

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do Ministério da Agricultura, 60% das granjas em São Paulo estão fora dos padrões requisitados pela nova política. “Uma das coisas mais polêmicas e que mais vai custar ao produtor será o telamento de todas as unidades. As granjas mais modernas já estão adequadas, já nascem assim. Mas o problema é que temos uma avicultura mais antiga em São Paulo e no Rio Grande do Sul, onde os aviários não têm essa proteção.”

Porém, para ajudar nesta missão, o ministro informou que a linha de financiamento Inovagro (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção) atende esse tipo de investimento, com juros mais baratos. “Temos os recursos, agora temos uma direção e um prazo. Daqui pra frente, espero que haja uma procura maior por esses recursos”, disse Blairo Maggi.

Foco na prevenção

O ministro citou os casos de gripe aviária na Alemanha, na Suíça e no Chile, disse que o governo está em alerta e vai focar na prevenção. “Estamos olhando os problemas que eles têm, vamos ver se houve negligência. O que queremos é nos antecipar”, afirmou o ministro. “Se a gripe aviária entrar no Brasil, os prejuízos são incalculáveis. Precisamos criar condições para que o problema não chegue. Se um dia tivermos a infelicidade de ter um problema desses, não será por falha técnica.”

Prejuízos e mercados

O presidente da ABPA, Francisco Turra, reforçou a importância de prevenir a gripe aviária, já que a doença traz enormes prejuízos por dizimar milhares de aves e gerar gastos com a descontaminação de granjas. “A China perdeu R$ 6 bilhões de dólares. Os estados Unidos perderam 16% do mercado externo”, afirmou Turra.

No caso do Brasil, ele acredita que a nova política cumprirá o papel de proteger a avicultura nacional. “O ministério está muito bem aparelhado para evitar o risco de gripe aviária. Há investimento em laboratórios que o ministério está credenciando, controle nas fronteiras e todo o trabalho que estamos fazendo”, diz Turra.

Segundo Turra, 45 países já informaram a ocorrência de gripe aviária à OIE (Organização Internacional de Epizootias). Por consequência da doença, os países afetados perderam espaço no mercado internacional, um volume que correspondente a 700 mil toneladas de carne de frango por ano.

A ABPA informou que as regras da IN 10 já foram recomendadas por uma política anterior, a instrução Normativa número 56, de 2007. Agora, a nova política de fato obriga a adequação das granjas e terá maior rigor no controle, com fiscalização periódica pelas secretarias de Agricultura.



Data da Notícia: 22/02/2017
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