Evolução tecnológica da avicultura brasileira mostra como
ambiência, genética e manejo impulsionaram produtividade e consolidaram o país
como referência mundial.
Se hoje o Brasil é referência mundial na produção de frangos
de corte, muito se deve ao investimento em ambiência, bem-estar animal e manejo
zootécnico ao longo das últimas três décadas. A trajetória, que começou com
iniciativas pioneiras nos anos 1970, mostra como a tecnologia, a genética e a
gestão foram capazes de transformar os sistemas produtivos e consolidar o país
como líder global em exportação de proteína avícola.
Segundo Diomar Roberto Barro, que é especialista em
ambiência e bem-estar de aves, os primeiros experimentos com sistemas de
ambiente controlado surgiram ainda nos anos 1970, quando empresas como Seara,
Chapecó Avícola e Sadia importaram aviários completos dos Estados Unidos. “Eles
já contavam com controle de temperatura, umidade e ventilação em túnel. A
lotação era em torno de 20 aves por metro quadrado, equivalente a cerca de 30
kg/m². Era uma tecnologia avançada para a época, mas não conseguimos manter em
funcionamento esse modelo por muito tempo”, lembra.
Foi apenas na década de 1990 que a avicultura brasileira
voltou a apostar em sistemas de ambiente controlado, acompanhando a evolução
genética das aves. “As aves de conformação já exigiam criação em zona de
conforto para expressar seu potencial. A instalação dos primeiros aviários com
ventilação em túnel permitiu alcançar lotações de até 39 kg/m² com sucesso”,
explica Diomar.
O desafio, segundo ele, estava em adaptar os programas de
acionamento dos equipamentos de ambiência. A busca pela padronização dos
parâmetros ambientais inaugurou um período de intensas transformações
tecnológicas, incluindo o desenvolvimento de sistemas de vedação mais
eficientes e o início da utilização do dark house, que proporcionou maior
controle sobre a luminosidade e o comportamento das aves.