Autoridades de São Paulo reúnem-se para traçar metas de prevenção contra IA

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A sala do Instituto Agronômico de Campinas, SP, estava com o auditório cheio na manhã de ontem, dia 19. Todos os presentes estavam ali por uma razão: debater sobre os riscos de introdução e disseminação da Influenza Aviária na avicultura. O público, composto de pesquisadores, profissionais da área, representantes do setor e produtores, estava aberto a orientações, ao diálogo e, principalmente, as informações de como proceder caso a doença chegue em nosso planteis.

Depois da cerimônia de abertura, Ariel Mendes, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade promotora do evento juntamente com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária, apresentou alguns números acerca dos surtos registrados na Ásia e na América.

Um total de 35 países notificaram a ocorrência da doença em seus planteis para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) desde o começo do ano. Trinta e três milhões de aves foram abatidas em um dos principais produtores de aves e ovos do mundo: os EUA. Desde dezembro de 2014, o país norte-americano tentam conter uma epidemia recorde, principalmente da cepa H5N2, que já ameaça a oferta. Já a cepa H5N8, altamente patogênica também foi relatada em alguns Estados, segundo o governo.

A cepa H5N8 foi identificada no início do ano passado na Coreia do Sul e da China. De lá, foi para o Japão e cientistas acreditam que a cepa espalhou-se com aves migratórias para a Índia, Europa, Canadá e depois para os Estados Unidos.

O objetivo é mobilizar toda a cadeia produtiva para que o Brasil não seja o próximo destino da doença.

"Estou mais apreensivo do que em 2005", afirmou Ariel aos presentes. Os dados da OIE mostram que 28 países foram atingidos por surtos de IA tipos altamente patogênicos H5 e H7 desde o começo de 2015, ante 19 países afetados em 2014 e 14 países em 2013. "Se o vírus chegar aqui no Brasil, teremos que erradicar. O México é um exemplo do que acontece quando se convive com o vírus. Não tem como esconder uma enfermidade!".

Os custos para o País seriam altíssimos, não apenas por causa da queda de produtividade das aves, mas por causa das barreiras sanitárias impostas às carnes in natura. Por isso que a tônica no evento foi de prevenção acima de tudo.

Não apenas aves silvestres

A professora Masaio Mizuno, da USP, sumidade no assunto de epidemiologia, frisou: ave migratória não pode sair da nossa zona de atenção mas não é o foco principal. "Sempre colocaram as aves migratórias como os agentes transmissores principais mas muitos pesquisadores refizeram o conceito! Por que os EUA estão com 163 focos? Por que eles esqueceram da biossegurança!", afirmou. Segundo a professora precisamos olhar para as fronteiras, para o trânsito de pessoas e principalmente, para os aeroportos. O vírus da IA pode estar muitas vezes na sola do sapato de alguém.

O Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, explanou acerca das diretrizes que serão tomadas pelo Governo Estadual para proteger os planteis paulistas. O primeiro passo foi a reunião realizada ontem, em Campinas, SP, assim como o segundo será outra realizada em Bastos, SP, na próxima sexta-feira.
A ideia é que todos pensem juntos em como com implantar medidas adicionais e revitalizar protocolos que precisam ser renovados e colocados em prática.
Para isso, precisa haver engajamento de todos os setores, da vigilância epidemiológica, da Secretária de Saúde e do Meio Ambiente de São Paulo. "O plano é aumentar o monitoramento e colocar os alertas de cuidados de uma forma plena, frente a qualquer emergência nesse nível", completou.

Um ponto importante é adquirir mais máquinas de PCR e colocá-las em outros institutos como os Biológicos (De Bastos e de Descalvado, SP) e também nas grandes empresas, como a JBS e a BRF. O secretário ainda salientou a importância de cuidar dos polos de produção e de procedimentos do cotidiano e manter, sempre, uma atitude vigilante.

"Nós temos que lembrar que somos uma ilha dentro de todos esses surtos. Se nós nos mantivermos a salvo, podemos enxergar uma oportunidade de abastecer esses mercados consumidores prejudicados. Isso pode ser favorável para a avicultura brasileira e torna as medidas de prevenção ainda mais decisivas e importantes", finaliza.



Data da Notícia: 20/05/2015
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