Audiência sobre a crise na suinocultura surte efeito

AgroLink

Está agendada para amanhã, quarta-feira (6), em Brasília, uma audiência do Fórum Parlamentar com a ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, para debater a crise que atinge a suinocultura de Santa Catarina. A medida foi proposta pelo senador Dalirio Beber durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) na manhã de ontem. A confirmação da pauta em Brasília foi anunciada pelo senador catarinense ao presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi, em telefonema na noite de segunda-feira. A reunião com a ministra está programada para as 15h, no Ministério da Agricultura.

Lideranças políticas e federais de Santa Catarina, representantes da indústria e da Associação Catarinense de Criadores de Suínos farão parte da comitiva que exigirá medidas emergenciais do governo federal para amenizar os impactos da crise na atividade. Os representantes catarinenses solicitarão a isenção do PIS/Cofins na importação de milho pelo prazo de 90 dias, a liberação dos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a criação de políticas estaduais para que os agricultores catarinenses prefiram comercializar o grão internamente.

Audiência Pública na Alesc

Suinocultores de várias regiões de Santa Catarina lotaram o Plenário do Palácio Barriga Verde para acompanhar a audiência pública sobre a crise no setor. O objetivo foi de levantar alternativas em caráter emergencial para diminuir as perdas na atividade. A audiência foi um pedido da ACCS e viabilizado pelo presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, Natalino Lázare e pelo presidente da Frente Parlamentar da Suinocultura, José Nei Ascari.

Análise da ACCS

Para o presidente da ACCS, a audiência foi produtiva e destacou a grande participação dos suinocultores. Losivanio lembra que além da audiência pública com a ministra Kátia, também acontecerá um encontro com o governador João Raimundo Colombo. Os suinocultores querem o auxílio de Colombo na articulação com o governo federal. "Muitos produtores se manifestaram dizendo que não acreditam mais na atividade e a gente precisa mudar esse cenário. Cabe agora ao meio político".

Para Adir Engel, presidente do Núcleo Regional de Braço do Norte, a audiência serviu para mostrar aos líderes políticos a real situação da suinocultura. "O produtor espera ajuda porque ele vive um momento de desespero".

Balanço da Faesc

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, ressalta que a maioria das medidas para combater a crise na suinocultura são de responsabilidade do governo federal. "Com esse momento de indefinição em Brasília nós não sabemos na porta de quem bater. O problema que eles vivem não são relacionados com a suinocultura. Se medidas rápidas não forem adotadas, nós vamos ver uma grande debandada de suinocultores".

Avaliação dos deputados

Para o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, deputado Natalino Lázare, a audiência foi importante para traçar estratégias de ação. "Nós Vamos fazer uma audiência com o governador para apresentar essa pauta de reivindicações".

O presidente da Frente Parlamentar da Suinocultura, José Nei Ascari, ressalta que o momento é de muita dificuldade, mas enaltece que medidas devem ser adotadas. "Precisamos enfrentar esse momento de dificuldade com unidade. Aqui na Assembleia nós não temos a solução para os problemas, mas não estamos nos omitindo. O papel do parlamentar é buscar alternativas".

Atividade inviabilizada

Santa Catarina possui atualmente oito mil suinocultores que produzem anualmente cerca de 800 mil toneladas da proteína animal. O estado é referência no país em status sanitário por ser a única unidade federativa do Brasil livre da febre aftosa sem vacinação e área livre da peste suína clássica, juntamente com o Rio Grande do Sul.

Contudo, o alto custo de produção e a baixa remuneração pelo quilo do suíno pode inviabilizar a atividade em poucos dias no "berço da suinocultura brasileira". O produtor independente recebe aproximadamente R$ 3,20 pelo quilo do animal vivo enquanto o custo de produção passa dos R$ 4,00 - um prejuízo que chega a R$ 100,00 a cada suíno de 100 quilos.

Outro agravante é o alto custo dos insumos, sendo que a saca do milho em Santa Catarina já foi comercializada na semana passada a R$ 56,00 em regiões como Braço do Norte. O Estado produz hoje cerca de dois milhões de toneladas de milho por ano, mas o consumo é de seis milhões. A cadeia produtiva catarinense traz o cereal do Centro-Oeste do pais, mas por causa do preço do frete, a saca que custa R$ 23,00 no Mato Grosso passa a custar mais de R$ 50,00 em território catarinense.

Outro fator agravante é a escassez do milho no país devido ao alto volume de exportação, impulsionado pela desvalorização do real frente ao dólar.

Medidas do governo do Estado

O secretário de Estado da Agricultura, Moacir Sopelsa, garante que Santa Catarina auxilia o setor com a redução do ICMS de 12% para 6% na comercialização de animais para outros estados - medida com prazo de validade que se encerra no fim do mês - e o subsídio de 8,4% no milho comprado fora do Estado.

Sopelsa também explica que Santa Catarina está com um projeto para avançar o plantio de milho em 100 mil hectares. O Estado também está na expectativa de transportar milho do Centro-Oeste do Brasil por linha férrea até Lages, barateando a despesa com frete.

Pauta de reivindicações da ACCS

Ao governo estadual:

- Crédito de ICMS para o produtor rural;
- Agilizar as negociações para a entrada de milho no Estado por meio da ferrovia que existe até Lages;
- Criar políticas de valorização para que o produtor de milho do Estado comercialize o mesmo internamente sem exportar, evitando assim um maior déficit do produto.

Ao governo federal:

- Linha de crédito a juros baixos (6,5% ao ano) para aquisição de insumos para a manutenção da produção;
- Liberação de recursos para financiar as matrizes e as mesmas serem a garantia do financiamento;
- Volta da EGF/AGF (estoques do governo federal/aquisição do governo federal);
Isenção de Pis/Cofins para importação de grãos como milho, sorgo e triguilho;
- Linha de crédito do BNDES para armazenagem de grãos com muros abaixo de 3% ao ano, com três anos de carência e pagamento em 15 anos;
- Criação de uma política pública da Conab para situações de emergências, disponibilizando maior quantidade de milho balcão por produtor, que hoje são de seis toneladas para 27 toneladas.



Data da Notícia: 07/04/2016
O SINDICARNE / ACAV / AINCADESC utiliza cookies para a geração de estatísticas nos acessos do site, essas informações são armazenadas em caráter temporário exclusivamente para esta finalidade. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com o monitoramento.