Até agora, efeito da Copa sobre o frango vem sendo nulo

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Meios de comunicação em geral vêm replicando a afirmação, vinda de instituições dedicadas ao acompanhamento do mercado, de que a Copa do Mundo elevou a demanda pela carne de frango, situação perceptível na melhora de preço obtida pelo produto.

Em geral, a base dessa conclusão é o preço alcançado pelo frango e seus cortes nos dias 30 de maio e 30 de junho de 2014, o que, efetivamente, demonstra ganho geral, em alguns casos expressivo. Como o da asa, que entre uma data e outra apresenta incremento de preço de 16,25%.

Mas o que não se pode ignorar é que o valor alcançado por um produto (qualquer produto) em um determinado dia do mês é puramente circunstancial - ainda que a base seja o último dia do período. Pois pode ocorrer que uma das datas-base corresponda, por exemplo, a um final de semana ou à véspera de um feriado. Ou que tenha “chovido canivete” no decorrer da semana. Enfim, qualquer evento anormal em uma ou outra data-base é suficiente para alterar completamente o comportamento do mercado. E as comparações acabam viciadas.

É por isso que o mais acertado mesmo é a comparação entre períodos mais longos. Por exemplo, entre um mês em que não havia Copa e o mês em que a Copa começou. No caso, maio e junho. O resultado vai demonstrar, como já vinha sendo previsto, que o único corte a sofrer valorização de um mês para outro foi a asa de frango. Os demais itens tiveram preços menores ou, no máximo, apenas acompanharam a inflação mensal.

Mas além desse tem outro “porém”: no final de maio passado, o frango vivo e o abatido bem como os seus cortes enfrentaram um dos piores momentos do ano, a maioria deles registrando preços de “fundo de poço”. Por isso, é quase natural que, 30 dias depois, fosse registrada alguma recuperação. Que pouco ou nada tem a ver com a Copa.

Sob esse aspecto, aliás, pode-se afirmar que nem mesmo a requisitada asa foi beneficiada pelos “influxos do evento esportivo”. Basta olhar o gráfico abaixo. Ainda que estejam entre os melhores resultados deste ano, os preços da asa na segunda quinzena de junho não são muito diferentes dos alcançados na primeira quinzena dos meses de março e maio de 2014. Além disso, ficaram visivelmente aquém dos registrados em setembro de 2013 e no último Natal.