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A delação dos irmãos Batista e a Operação Carne Fraca reduziram o potencial de crescimento da produção brasileira de carne bovina neste ano. No entanto, na avaliação do coordenador da área de pecuária da consultoria Agroconsult, Maurício Nogueira, a delação dos irmãos Batista teve mais impacto sobre a produção de carne bovina do Brasil.
Além disso, os frigoríficos que estão sendo reabertos no país e que, em tese, podem ocupar parte do espaço da JBS levam algum tempo para entrarem em operação.
Ainda assim, a exportação de carne bovina do Brasil ainda pode fechar 2017 com avanço de 10%, afirma Nogueira. A expectativa do analista é que os embarques totalizem cerca de 1,5 milhão de toneladas de carne bovina.
Devido aos embargos temporários, a Agroconsult passou a avaliar que as exportações brasileiras no máximo ficariam estáveis em 2017. No entanto, o aumento dos embarques a partir de maio indica um crescimento das exportações de carne do Brasil.
Embora positivo, tendo em vista o impacto da Carne Fraca, o crescimento de 10% agora projetado pela Agroconsult ainda é inferior ao esperado no início do ano, quando a consultoria estimava um crescimento de 20% nas exportações brasileiras de carne bovina.
De acordo com o agrônomo, a projeção da consultoria para os abates de bovinos em 2017 foi cortada de 40,4 milhões de cabeças para 39,5 milhões de cabeças. A estimativa contempla abates com inspeção federal, estadual, municipal e também os abates informais (não fiscalizados), além do consumo de carne bovina de animais abatidos nas próprias fazendas.
Com isso, a consultoria também reduziu a estimativa para a produção de carne bovina neste ano, de 10,1 milhões de toneladas em equivalente carcaça para 9,4 milhões de toneladas. Ainda assim, trata-se de um aumento de 3% ante as 9,1 milhões de toneladas do último ano.
Outros dados. Houve ainda, segundo Nogueira, aumento do peso médio do animal estocado em 2017, o que deverá confirmar a elevação da oferta no mercado, conforme estimativa pré-Rally da Pecuária, expedição formada por sete equipes técnicas que um levantamento completo de informações in loco nas áreas de cria, recria, engorda e confinamento do País.
Os resultados apontam que o peso médio saiu de 9,8 @/cabeça no ano passado para 10,7@/cabeça. “A projeção de lucro operacional em 2017, por nível de tecnologia, dos pecuaristas com produtividade entre 18@/ha/a e 38@/ha/a, é de R$ 1050/ha/a, com a arroba comercializada a R$ 124 na média do ano”, explica Maurício Nogueira, também coordenador da expedição.
Com relação às pastagens, em 2017, dados do Rally apontam que houve aumento na qualidade em relação aos últimos cinco anos, em razão principalmente das condições climáticas, mantendo o índice de apenas 3% de áreas degradadas. Nogueira explica que o aporte ideal para manter o bom nível das pastagens gira em torno de R$ 364/ha para áreas de ótima qualidade e até R$ 3.043/ha para áreas degradadas.
O confinamento voltará a passar de 5 milhões de cabeças este ano. Segundo Nogueira, esse número superior ao do ano passado deve-se a atratividade do milho, que teve uma redução no preço desde o começo do ano em 32%, a necessidade dos pecuaristas em segurar mais animais por hectare e o impacto do cenário político e econômico no setor.