DCI
Responsável por 46,2% das exportações totais do Brasil em 2015, o agronegócio encerrou o ano com queda de 8,8% na receita de vendas externas. A redução no preço internacional das commodities puxou o saldo comercial para baixo e a saída para 2016 é ampliar o mercado de valor agregado.A crescente demanda asiática pelas carnes, por exemplo, traz uma perspectiva otimista para a exportação brasileira de proteína animal. Se para os grãos - soja emilho - os indicadores externos apontam para o vermelho, surgem também alternativas importantes como o suco de laranja, o açúcar e o café, cujo horizonte é animador.
Balança comercial
De acordo com o resultado divulgado ontem (11) pela secretária de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Tatiana Palermo, dos US$ 191,13 bilhões faturados pelo País com comércio exterior no ano passado, US$ 88,22 bilhões foram provenientes de produtos agropecuários. A participação do setor subiu 3,2 pontos percentuais em relação a 2014. No entanto, o mesmo dólar que favoreceu a arrecadação de receitas pesou sobre as importações e o saldo comercial doagronegócio diminuiu o superávit de US$ 80,13 bilhões para US$ 75,15 bilhões no período.
Em tempos difíceis do cenário econômico mundial, com a queda generalizada de preços, estamos muito bem, com a venda de volumes recordes ao longo de 2015 , avalia a secretária. Isso porque a quantidade embarcada, somada ao dólar, foi a responsável pela manutenção do superávit. A taxa de câmbio aumentou 45% desde o início do ano. Essa alta amenizou a queda nos preços das principais commodities agrícolas , acrescenta.
Os volumes de soja em grão, milho, frango in natura e café registraram recordes históricos de vendas. A oleaginosa cresceu 19% em relação a 2014 e chegou a 54,32 milhões de toneladas, o milho saltou 40% para 28,9 milhões de toneladas, a proteína de frango atingiu 3,89 milhões de toneladas e o café em grão, 2,09 milhões.
Diante de outros setores, amenizamos a queda da balança comercial como um todo e também conseguimos superávit , enfatiza. Daqui para frente, a pasta mantém no radar mercados como a China, Índia e Coreia do Sul para alavancar os resultados do ano.
Estratégia de retomada
Segundo Tatiana, a expectativa para 2016 é ampliar em 2% no valor total exportado pela pauta agrícola do ano passado. Para o ex-ministro da Agricultura e coordenador da GV Agro, Roberto Rodrigues, não há o que conserte a queda nos preços, porém, temos um horizonte, de fato, mais otimista para o saldo comercial deste ano.
Existem algumas coisas acontecendo. Nas carnes, os preços não estão caindo e a demanda está aumentando. O suco de laranja melhorou preços também, o que é importante em termos de volume , destaca ao DCI sobre as exportações de valor agregado. Rodrigues ainda cita um ganho entre 30% e 40% nos indicadores internacionais de açúcar. De acordo com a consultoria Datagro, o déficit global açucareiro já atingiu 3,87 milhões de toneladas.
No caso do café, sucessivas quebras de safra elevaram o valor do grão.
Já na soja e no milho, o horizonte ainda é muito incerto, mas podemos apostar nestes outros produtos , diz o especialista. As lavouras do Centro-Oeste têm sofrido o impacto do El Niño, com grandes possibilidade de perda na colheita por falta de chuvas. Caso isso se consolide, podemos trazer alguma reação para estes preços, pois somos o segundo maior produtor mundial , lembra.
O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, chama a atenção para a necessidade de ganho de produtividade dentro da porteira, para que o produtor se recupere da baixa dos preços. Agora o produtor só ganha em escala e com menores custos de produção , avalia o representante do setor.