Ácidos Orgânicos na nutrição de suínos

Os ácidos orgânicos utilizados na nutrição animal pertencem, em sua maioria, ao grupo dos ácidos carboxílicos, compostos com estruturas químicas específicas que desempenham funções essenciais no metabolismo dos suínos. Esses ácidos apresentam simultaneamente a estrutura carbonil (CO) e a estrutura álcool (OH) ou ácido carboxílico (COOH), sendo classificados como ácidos fracos, com menor perda de prótons em comparação a outros ácidos não orgânicos. Além disso, sua baixa dissociação em água confere propriedades que favorecem a digestibilidade, a saúde intestinal e o desempenho produtivo dos animais. 

Segundo Jorge Vitor Ludke, pesquisador em nutrição de suínos na Embrapa Suínos e Aves, os ácidos orgânicos estão naturalmente presentes em diversos processos biológicos e tecnológicos. “Eles podem ser encontrados em bebidas fermentadas, como vinhos e cervejas, e em biorefinarias que utilizam processos fermentativos. Nos animais, alguns ácidos orgânicos carboxílicos, como o fumárico, málico e cítrico, participam do Ciclo de Krebs, que ocorre nas mitocôndrias e é fundamental para a geração de energia celular a partir de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos. Além disso, certos ácidos induzem a ativação de enzimas digestivas e estimulam a secreção de enzimas pancreáticas, como é o caso do ácido propiônico”.

Outro efeito importante dos ácidos orgânicos na alimentação de suínos está relacionado à redução do pH gástrico e ao estímulo da digestibilidade dos nutrientes. “Esses compostos atuam na secreção e ativação de enzimas endógenas, reduzem o pH estomacal, melhoram a digestibilidade aparente ao longo do trato digestivo e aumentam a absorção de minerais por meio da quelação”, explica Ludke. Além disso, sua ação antimicrobiana tem grande relevância para a saúde intestinal dos animais. “Os ácidos orgânicos podem penetrar na parede celular de certas bactérias patogênicas e interromper sua fisiologia normal, especialmente as que são sensíveis ao pH, ou seja, que não suportam um amplo gradiente de pH entre o interior da célula e o meio externo. Entre essas bactérias estão Clostridium perfringens, Salmonella spp, Listeria monocytogenes, Campylobacter spp e Escherichia coli, que representam riscos tanto para os suínos quanto para a segurança dos alimentos de origem animal”, destaca o pesquisador.

Os ácidos orgânicos carboxílicos são classificados pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do MAPA como aditivos zootécnicos, contribuindo para o desempenho animal. Eles podem atuar como digestivos, equilibradores da microbiota ou melhoradores de desempenho, sem função antimicrobiana veterinária. Além disso, alguns também possuem funções tecnológicas, sendo usados como conservantes, antioxidantes e estabilizantes.

Fonte: FEED & FOOD

Data da Notícia: 02/05/2025
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