Diário Catarinense
Está programado para esta segunda o início de mais uma paralisação de caminhoneiros, desta vez com um objetivo claramente político: tentar forçar a deposição da presidente Dilma Rousseff. Chega a ser inacreditável que uma categoria com potencial para bloquear o país e causar desabastecimento tenha lideranças tão pouco responsáveis. Não há argumento capaz de sustentar uma estratégia tão esdrúxula, em meio a uma crise política que propicia todo tipo de reação, inclusive de ideias como essa. Qualquer cidadão pode expressar, pelo amplo direito de opinião, contrariedade com o governo. Pode inclusive defender, como muitos defendem, que o governo se submeta a um processo de impeachment.
Mas uma categoria profissional não pode utilizar isso como pretexto para parar o país, mesmo que parcialmente, e tumultuar a vida de todos. Sob quaisquer pretextos, nenhuma atividade profissional pode sentir-se no direito de bloquear ruas e estradas e interromper a livre circulação de pessoas e mercadorias.
É inacreditável que, além de desrespeitar as leis, parte da liderança dos caminhoneiros pretenda apresentar o protesto como um projeto político. É previsível que tais atos resultem em transtorno para quem não tem nenhuma relação com os fatos. Foi o que aconteceu em abril, quando uma paralisação da mesma categoria chegou a provocar confrontos violentos e uma morte no Rio Grande do Sul.
Sabe-se que os transportadores autônomos enfrentam uma situação de total fragilidade, pela crise econômica, pelo aumento de custos em geral e dos combustíveis, em particular, pela queda nos preços dos fretes e pela incapacidade de pagar em dia empréstimos tomados exatamente para adquirir caminhões. A situação é agravada pelo fato de que, como comprovam estudos sérios, há um excesso de pelo menos 300 mil caminhões no país. A conclusão é de que faltam mercadorias e sobra oferta de frete.
O resultado disso é o empobrecimento de parcela expressiva dos profissionais. É nesse contexto que oportunistas tentam arregimentar grupos insuflados a contribuir para a radicalização do embate entre governistas e oposicionistas. O bom senso recomenda que líderes de fato e de direito dos caminhoneiros orientem seus liderados, no sentido de melhor avaliar um movimento que tem tudo para se transformar muito mais em atos de desordem do que em manifestação de descontentamento com o governo.
PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, por Valdir Cobalchini*
Está tramitando na Assembleia Legislativa, já aprovado na Comissão de Constituição e justiça, o Plano Estadual de Educação. O projeto, que vai nortear a educação pelos próximos 10 anos, apresenta 19 metas a serem cumpridas até 2024. Entre as propostas, destaco a que determina gastos equivalentes a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) de Santa Catarina na área da educação. Esse investimento deve chegar a 7% em cinco anos e a 10% do PIB em 2024.
Hoje, segundo a Secretaria de Estado da Educação, Santa Catarina gasta menos de 6% com ensino. Aumentar gastos com estudo significa investir no futuro do nosso Estado. E acredito que não existe futuro promissor sem investimento em educação. Outra meta importante é o aumento do número de vagas em creches. Os municípios catarinenses só conseguem oferecer 138 mil vagas em creches, apesar de termos mais de 320 mil crianças nessa faixa etária, de acordo com o Censo 2010. O documento prevê uma meta de no mínimo 50% das crianças atendidas em creches até 2024. E traz ainda a valorização dos profissionais do magistério da rede pública de educação básica, assegurando, no prazo de dois anos, a existência de plano de carreira, além de formar 75% dos professores de educação básica em nível de pós-graduação até 2024 e de garantir a todos os profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação.
As metas são muito importantes. Entendo que, se cada um fizer a sua parte, nós, os agentes públicos e a sociedade, elas serão atingidas. Mas trago uma reflexão sobre o cumprimento dessas metas: Santa Catarina possui suas ilhas de desenvolvimento, mas também seus bolsões que merecem uma atenção maior do Estado. Precisamos encontrar mecanismos para que essas metas sejam atingidas em todas as regiões do Estado, e não apenas naquelas mais desenvolvidas e que já estão à frente das demais. Feito isso, teremos o Plano Estadual de Educação implantado, e a população catarinense atendida de maneira igualitária em todas as suas regiões.
*Deputado estadual e presidente da Comissão de Educação da Alesc